quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Mensagem do Bispo Primaz ao VI Congresso do MST

Santa Maria, 10 de Fevereiro de 2014

E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre. Isaías 32,17

A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) congratula e se solidariza com a celebração do VI  Congresso Nacional do Movimentos das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil. O MST há trinta anos organiza sonhos e desejos de vida plena, defende os direitos ao acesso democrático e humano a terra, ao trabalho, a alimentos livre de venenos e luta contra o preconceito de grupos que por centenas de anos permanecem em situação de privilégio e dominação em nossas terras.

São três décadas de sonhos, mobilizações, lutas e conquistas para um Brasil melhor e para uma sociedade onde a justiça e a paz se beijam (cf. S. 85). Reconhecemos suas ações e colaborações na firme defesa de pessoas excluídas dos meios de produção deste país rico e extenso, mas dominados por uma elite que concentra, domina e é a aliada da violência para manter seus privilégios e a todo custo defender seus lucros.

A terra e a humanidade são expressão da Palavra de Deus, por sua “ordem todas as coisas vieram a existir: a vastidão do espaço entre as estrelas, as galáxias, sóis, os planetas em suas órbitas, e esta terra frágil que é nosso lar. Dos primeiros elementos fez surgir a raça humana e a abençoaste com  memória, razão e sabedoria…”  (cf. Livro Comum de Oração p.81).


Essa é a religião que a família anglicana celebra e defende. Uma religião que reconhece e defende a vida, especialmente os mais empobrecidos e excluídos, e o planeta, usurpado pelo lucro e pelo egoísmo de poucos, como expressão de um Deus que ama e se entrega para que a vossa alegria seja completa (cf. Jo 16:24c).

Como igreja de Deus neste país a Família Episcopal Anglicana se junta ao MST, um dos maiores aliados da sociedade brasileira, neste tempo de graça e martírio e conclama a todas as pessoas de boa fé na missão, também cumprida por este movimento, de “responder as necessidades humanas com amor, buscar a transformação das estruturas injustas da sociedade e a lutas pela salvaguarda da integridade da criação, sustento e renovação terra” (cf. Cinco Marcas da Missão-CCA e CL 1988).

Nosso compromisso como igreja deve ser claro e irredutível no reconhecimento, apoio e envolvimento com movimentos que  lutam pela justiça e direitos do planeta e das pessoas que nele habitam, que fazem campanhas para que nossos alimentos sejam sem venenos e nossa agricultura seja principalmente para  alimentar a população que passa fome. A terra e a vida pertencem ao Senhor. Não se pode ficar parados enquanto a maioria da população sofre e é explorada ou escravizada por uma minoria ainda poderosa neste país.

Convido a todas as pessoas das comunidades da família anglicana a fazer um momento de oração pela realização deste congresso em Brasília na semana de 10 a 14 de Fevereiro. 15.000 sem terras e parceiros de outros grupos e organizações estarão celebrando 30 anos de vida e de luta pela cidadania e dignidade. Tanto já foi conquistado mas ainda falta muito e nossa fé deve ser expressão do amor de Deus. Nossa religião é aquela que se coloca ao lado dos “mais pequeninos violentados e excluídos” (cf. Mt 25:31-46), tem misericórdia e publicamente a expressa, mesmo que isso leve a Cruz.

Nossa Igreja se fará representar neste Congresso pela presença de meu irmão e bispo Mauricio Andrade, bispo diocesano de Brasilia e companheiro de caminhada nas lutas pela justiça e dignidade.

Ubi Caritas et Amor. Deus ibi est. Onde está a solidariedade e o amor Deus aí está.

++ Francisco de Assis da Silva
Primaz do Brasil e Diocesano em Santa Maria

* Fonte: Sitio da IEAB