quarta-feira, 20 de julho de 2016

Entrevista com Ivone Gebara (parte 1)

Por Mila Cordeiro

  "A senhora pensou em ser freira quando ainda estava na faculdade de filosofia, na década de 60. E diz que fez essa opção buscando ter mais liberdade. Não parece um tanto contraditório que tenha buscado liberdade dentro de um convento, de uma estrutura conservadora como a Igreja Católica?
  De  fato, parece um tanto contraditório, mas, embora muitos acreditem que o convento não é um lugar de liberdade, paradoxalmente, para mim, foi. Naquela época, tive a oportunidade de ser colega de turma e conviver com algumas freiras e percebia o quanto aquelas mulheres eram intelectualmente brilhantes e, ao mesmo tempo, comprometidas  com o mundo dos pobres. Elas realizavam trabalhos incríveis com crianças e adolescentes das periferias. Achei que aquele caminho era extraordinário e, ao mesmo tempo, gostava da ideia de não precisar reproduzir o modelo familiar dos meus pais. Eu queria um mundo maior, mais amplo para mim. Não sei de onde vinham essas ideias, mas imaginava que o mundo podia ser diferente.
  E por que a incomodava a ideia de reproduzir o modelo familiar dos seus pais? Acha que, desde essa época, já tinha o espírito feminista?
  Acho que não era feminista, mas apenas uma pessoa buscando a própria felicidade. Naquela época eu já participava do movimento estudantil, embora não tenha sido muito atuante, porque minha família  não gostava muito que ficasse fora de casa. Participei da União Nacional dos Estudantes (UNE), fui diretora do Centro de Filosofia, ajudei a fundar um jornalzinho, enfim. Para mim, esse mundo era mais amplo do que ter filhos, cozinhar, brigar com o marido, ficar vendo se o dinheiro dá ou não para as compras. A possibilidade que se apresentou para mim foi essa. Os fios da minha história se teceram dessa forma".

  CLIQUE AQUI para ler a entrevista completa. Fotos e textos extraídos de http://atarde.uol.com.br/muito/noticias/1776561-o-governo-da-igreja-nunca-respeitou-totalmente-as-vidas.