sábado, 7 de abril de 2012

Mensagem Episcopal de Páscoa

“Quem rolará para nós a pedra da boca do sepulcro?”
(Marcos 16:3)

Páscoa é inicio de novo tempo, é marca da caminhada cristã e é tempo (kairos) de renovação da fé e esperança.

No Domingo da Paixão, momento de gritar Hosana nas alturas! Momento de sentir o caminho do compromisso, já não há tempo para recuar, já não existe oportunidade para desistir, o tempo é de assumir o que Cristo tem nos chamado: quem quiser seguir-me negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga (Mateus 16,24).

O exemplo do Cristo define as condições para ser discípulo. Não há preço, negar a si mesmo, é fugir do egoísmo e viver o caminho do Cristo, que é de serviço, de paz, de justiça e de amor.

As três mulheres saíram bem cedo de suas casas naquele Domingo, se encontraram e foram caminhando para o sepulcro onde o corpo lacerado de Jesus foi posto às pressas na sexta-feira.

Embora o Evangelho não descreva nada, não é difícil decifrar os pensamentos das três mulheres. Cada uma respeitava, para não dizer amava, Jesus de seu próprio modo. Nos poucos meses que o conheceram, elas admiravam seus ensinamentos e sua maneira de ser. Sem dúvida, Ele era o Senhor delas e possivelmente elas acreditavam que Ele era o Messias prometido. Mas isto foi antes de sexta-feira.

Agora Ele estava morto e a única coisa que restava para elas era preparar aquele corpo torturado e rasgado para um sepultamento digno. Era a única homenagem que elas poderiam prestar ao seu Mestre e Senhor.

De repente, elas se lembravam daquela pedra gigante que selava a abertura do sepulcro. Quem tiraria aquela pedra para que elas pudessem entrar? Era pesada demais para elas. Seu desespero foi aumentando até que chegaram ao tumulo e viram que a pedra já havia sido retirada da entrada.

Quem tirou a pedra? Nós não sabemos, mas uma coisa está clara e válida até os dias de hoje, é que nada pode nos separar do amor de Deus (Romanos 8:39). Da mesma forma que Deus não permitiu que uma pedra pudesse separar as mulheres de seu Senhor e Salvador, Deus não permite que as pedras deste mundo possam nós separar do seu amor.

Vivemos tempos de desafios para a IEAB e para a sociedade brasileira. Temos muitas pedras que precisam ser removidas. Inclusive nos nossos próprios corações. Talvez a qualidade de nosso amor ao Cristo ainda seja insuficiente para crermos que se vamos ao seu encontro as pedras serão removidas. É hora de renovação da nossa fé. É hora de sairmos “antes do amanhecer” e irmos ao encontro de quem é a razão e o fundamento de nossa própria vida.

Sair bem cedo para encontrarmos o Cristo significa anteciparmos o tempo. Significa fazer além do estritamente necessário. Significa termos o foco na necessidade de sermos uma comunidade relevante para a vida de nossa Nação, vivendo a solidariedade e proclamando a justiça para uma sociedade que ainda precisa avançar e muito no enfrentamento da pobreza, da destruição do meio ambiente e na superação de uma cultura consumista e individualista.

Portanto, nesta Páscoa, vamos procurar o túmulo de nosso Senhor nas profundezas de nossas almas e, como as mulheres, descobrirmos que o túmulo está aberto e vazio, porque nosso Senhor ressuscitou. Aleluia.

Com os olhos no caminho da Cruz irrompendo a manhã da Ressurreição que nos trará de novo a esperança:

“Ressuscita-nos da morte da esperança
Ressuscita-nos da morte da compaixão
Ressuscita-nos da morte da Alegria
Ressuscita-nos da morte da fé
Ressuscita-nos da morte do amor
Acompanhe-nos, todos os dias,
A Benção da Esperança
A Benção da Compaixão
A Benção da Alegria
A Benção da Fé,
A Benção do Amor.” [1]


Brasilia, 05 de abril de 2012.



Dom Mauricio Andrade, Primaz e Brasilia- DF

Dom Orlando Santos de Oliveira, Porto Alegre, RS

Dom Naudal Alves Gomes, Curitiba, PR

Dom Sebastião Armando Soares Gameleira, Recife , PE

Dom Filadelfo Oliveira, Rio de Janeiro, RJ

Dom Saulo Mauricio Barros, Belém, PA

Dom Renato Raatz, Pelotas, RS

Dom Roger Bird, São Paulo, SP

Dom Francisco de Assis da Silva, Santa Maria, RS

Dom Clovis Erly Rodrigues, Emérito

Dom Glauco Soares de Lima, Emérito

Dom Celso Franco, Emérito

Dom Almir dos Santos, Emérito

Dom Jubal Pereira Neves, Emérito


[1] Benção da Ressurreição, Luiz Carlos Ramos.