quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Entrevista: Ivone Gebara (final)

gritosufocado.blogspot.com

  A senhora acredita que a igreja precisa repensar suas doutrinas?

  Primeiro, precisamos pensar o que é a igreja. Sempre que falamos  dela, pensamos nos bispos, nos padres, no papa, e eles são apenas funcionários dessa instituição. A igreja sou eu, é você, é o povão. A mesma coisa é quando a gente fala do Brasil. O Brasil não é só a prefeitura, o governo do estado, o governo federal. É a diversidade de pessoas e grupos que constituem a nação brasileira. Agora, sinceramente, não espero grandes mudanças do governo da igreja.  Eu acredito, sim, que as pessoas que pensam diferente e querem seguir a tradição de Jesus em qualquer igreja precisam começar a se organizar, a fazer pressão. A mudança não virá de cima. Não acho que a autoridade político-religiosa vá mudar. Nós é que temos que mudar.  É uma luta? É, e não se pode ter medo. Se queremos, façamos.

  Falando em governo, atualmente temos diversos políticos que são líderes religiosos no poder. A senhora acha perigoso misturar religião e política?

  É bastante perigoso juntar religião e política, principalmente porque, aqui no Brasil, os políticos acham que podem falar em nome de Deus. Eles têm que olhar qual a necessidade do povo. É claro que podem ter convicções religiosas, mas não usar o nome de Deus ou a Bíblia para atingir seus interesses. Partilhar o pão, dar de comer a quem tem fome, vestir os nus, dar de beber a quem tem sede, visitar os doentes e prisioneiros são a base do cristianismo, mas eles não praticam. Eles só usam a religião quando os interessa. Sacam de textos e palavras dizendo que foi Deus quem disse. Essa articulação é que é nefasta.

  CLIQUE AQUI para ler a entrevista completa. Extraído de http://atarde.uol.com.br/muito/noticias/1776561-o-governo-da-igreja-nunca-respeitou-totalmente-as-vidas.