segunda-feira, 12 de março de 2018

CARTA ABERTA DO CONSELHO DIOCESANO DA DIOCESE ANGLICANA DO RECIFE

Adotando e atualizando a carta pastoral ao povo e ao clero da Diocese Anglicana do Recife (DAR), intitulada CHAMADO AO TESTEMUNHO AMOROSO DA PRESENÇA DE DEUS NO MUNDO, de nosso Bispo Diocesano, Dom João Câncio Peixoto Filho, datada de 16 de julho de 2015; nós, membros do Conselho Diocesano da DAR, nesta data na qual celebramos o testemunho de vida e fé das mártires Perpétua e Felicidade, que foram mortas pela intolerância religiosa do então imperador Septímio Severo (século III d.C)., reafirmamos que:
  1. A Diocese Anglicana do Recife, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Província da Comunhão Anglicana, se reconhece como uma pequena parte da Igreja de Cristo que tem consciência de que não é proprietária de Deus.
  2. Somos uma Igreja ecumênica, membro de todas as instâncias nacionais e internacionais ecumênicas, que reconhecem o mundo como um lugar comum a todas as pessoas e que o respeito à unidade cristã na diversidade é uma ação de promoção de cultura de paz.
  3. Também nos reconhecemos como uma Igreja aberta ao diálogo inter-religioso, por reconhecer a diversidade religiosa e acreditar que somente em diálogo poderemos construir um mundo melhor.
  4. Acreditamos que Deus é amor (I João 4:8b). Se queremos o reconhecimento de que somos filhas e filhos de Deus, o amor deve ser nossa prática.
  5. Somos uma Igreja inclusiva, que assume que as diversidades fazem parte da riqueza da humanidade e que os seres humanos, em suas diversidades, igualmente foram criados à imagem e semelhança de Deus. Portanto, respeitar o ser humano é respeitar a Deus.
  6. Como parte da Comunhão Anglicana, temos algumas marcas para nossa ação missionária que orientam nosso testemunho de fé:
  • Proclamar as boas novas do reinado de Deus;
  • Ensinar, batizar e nutrir os novos crentes;
  • Responder às necessidades humanas com amor;
  • Procurar a transformação das estruturas injustas da sociedade, desafiar toda espécie de violência, e buscar a paz e a reconciliação;
  • Lutar para salvaguardar a integridade da Criação, sustentar e renovar a vida da terra.
  1. Em Recife, somos parte do Diálogo – Fórum da Diversidade Religiosa em Pernambuco, e também do CONIC Pernambuco – regional do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, e orientamos os membros da nossa Diocese que sejam testemunho amoroso da presença de Deus no mundo.
  2. Diante do que aqui testemunhamos, registramos veementemente que não comungamos com ações de intolerância e desrespeito de qualquer tipo e espécie, e, particularmente, com a violação do direito de liberdade de culto dos Povos de Terreiros. Direito esse que nos é comum. De modo que repudiamos a inapropriada e desrespeitosa publicação da Vereadora Daize Michele de Aguiar Gonçalves (conhecida por seu nome social: Missionária Michele Collins), que desrespeitando seu mandato, incita à intolerância religiosa em seu chamado feito em sua página no Facebook, no dia 04 de fevereiro, às 02h05, como segue:
Noite de intercessão no Recife, orando por Pernambuco e pelo Brasil, na Orla de Boa Viagem, clamando e quebrando toda maldição de Iemanjá lançada contra nossa terra em nome de Jesus. O Brasil é do Senhor Jesus.  Quem concorda e crê diz amém.
  1. É importante afirmamos que é do conhecimento público de que a data 02 de fevereiro é celebrada pelas tradições de matrizes africanas como Dia de Iyemanjá, Orixá feminino das águas salgadas. O que torna a publicação ainda mais aviltante e desrespeitosa.
  2. Reafirmamos que como parte da Igreja de Cristo, só podemos nos dizer seus discípulos e discípulas se promovermos ações de vida e de respeito à diversidade que compõe a Criação de Deus.
  3. Nosso respeito aos Povos de Terreiro, bem como a todas as tradições religiosas e às pessoas e grupos que se afirmam ateias ou sem religião, por acreditarmos que cada pessoa, religiosa ou não, é imagem e semelhança de Deus.
Com intenção de que nos irmanemos para a construção de uma cultura de paz,
Conselho Diocesano da Diocese Anglicana do Recife


* Reprodução do portal da DAR