terça-feira, 6 de agosto de 2013

“Unidos no amor, com Jesus como ponto de referência”



 Arcebispo Justin encontra Papa Francisco
 Papa Francisco recebe no Vaticano o Primaz anglicano Justin Welby (Fonte:Agência Zenith)
Roma – A busca da unidade dos cristãos não é um objetivo de conveniência, nem puramente formal, mas algo que Deus mesmo quer com intensidade. Neste espírito, realizou-se no dia 14 de junho o encontro oficial no Vaticano entre o Papa Francisco e o Arcebispo de Canterbury, Primaz da Igreja Anglicana, Justin Welby.

O Santo Padre recebeu o chefe da Igreja da Inglaterra na Biblioteca Vaticana, onde Welby entrou acompanhado pela esposa e pela comitiva.

Dirigindo-se ao Arcebispo de Canterbury, o Papa Francisco recordou primeiramente o histórico encontro entre os seus respectivos antecessores, Michael Ramsey e Paulo VI, em 1966, e agradeceu ao primaz anglicano por ter rezado pelo bispo de Roma quando assumiu a liderança da Igreja da Inglaterra.

Francisco e Justin Welby começaram o seu ministério com poucos dias de diferença, respectivamente em 13 de março e 21 de março.

O papa evocou a história “longa e complexa” das relações entre as duas igrejas, “em que não faltaram momentos dolorosos”, mas que também se caracterizou, nos últimos cinquenta anos, por um “processo de aproximação e de fraternidade”, realizado tanto mediante o “diálogo teológico, com o trabalho da Comissão Internacional Anglicano-Católica”, quanto com as renovadas “relações cordiais e de convivência diária”, que levaram a um “profundo respeito mútuo” e a uma “sincera colaboração”.

Francisco expressou gratidão pelo “esforço sincero” da Igreja da Inglaterra para entender os motivos que levaram o papa emérito Bento XVI a criar um ordinariato para os fiéis anglicanos desejosos de voltar à comunhão com Roma. “Eu tenho certeza”, disse o papa, “que isso permitirá conhecer e apreciar melhor no mundo católico as tradições espirituais, litúrgicas e pastorais que compõem o patrimônio anglicano”.

A busca da unidade dos cristãos, que levou ao encontro ecumênico desta manhã, não é determinada por “razões práticas”, acrescentou o papa, mas “pela vontade do Senhor Jesus Cristo”, que fez dos seus seguidores “irmãos seus e filhos do único Pai”.

A oração ecumênica das Igrejas de Roma e de Canterbury “poderá encontrar expressão na cooperação em diferentes esferas da vida cotidiana”, em particular no que diz respeito ao “testemunho da referência a Deus e da promoção dos valores cristãos”, numa sociedade que parece colocar em discussão alguns dos “fundamentos da convivência”, começando pela “santidade da vida humana” e pela “solidez da família fundamentada no casamento”.

Ambas as igrejas devem engajar-se em prol “de mais justiça social, de um sistema econômico a serviço do homem e do bem comum”, especialmente “para os pobres, para que eles não sejam abandonados às leis de uma economia que às vezes parece considerar o homem apenas como consumidor”.

O papa elogiou o arcebispo de Canterbury, em especial, pelo compromisso “para promover a reconciliação e a resolução dos conflitos entre as nações”, particularmente do conflito sírio. A paz e a graça, acrescentou, são dons que os cristãos só podem oferecer quando “vivem e trabalham juntos em harmonia”.

Ao terminar o discurso, o papa lembrou que a unidade entre os cristãos, “tão sinceramente desejada, é um dom que vem do alto e que se baseia em nossa comunhão de amor com o Pai, o Filho e o Espírito Santo”. Por fim, Francisco exortou a todos a caminhar “unidos fraternalmente no amor, com Jesus Cristo como ponto de referência constante”.

Por sua parte, o arcebispo Welby fez referência às novas perseguições contra os cristãos no mundo. “Enquanto conversamos, os nossos irmãos e irmãs em Cristo sofrem terrivelmente a violência, a opressão, a guerra, devidas ao mau governo e a sistemas econômicos injustos. 

Se nós não formos seus advogados em nome de Cristo, quem vai ser?”.

Citando as palavras de Bento XVI, Welby acrescentou que, apesar das diferenças ainda significativas entre católicos e anglicanos, o “objetivo é grandioso o suficiente para justificar a fadiga do caminho”.

Após o encontro, o Papa Francisco e o Arcebispo Welby trocaram presentes e concluíram a reunião com uma oração em conjunto na capela Redemptoris Mater.